Vinagrete 17.01.19 – Jornalistas acima da Lei?

Congresso dos Jornalistas, fotografia do DN

Congresso dos Jornalistas, fotografia do DN

Tenho muita pena de algumas decisões do Congresso dos Jornalistas – classe em que me incluo, apesar de muitas vezes não conter um olhar crítico sobre ela (o que, de resto, é muito típico entre nós). De qualquer modo, acredito no que se tem escrito, já que não estive lá: em termos gerais foi um sucesso, que se deve às entidades organizadoras: Sindicato, Clube e Casa da Imprensa (não estive lá, mas pertenço a toda estas instituições da classe).

Congresso dos Jornalistas, fotografia do DN

Congresso dos Jornalistas, fotografia do DN

Uma das principais conclusões aparecidas nos jornais é que os jornalistas devem recusar ir a conferências de imprensa em que não lhes dêem o direito de perguntar. Parece-me óbvia a posição, e só peca por tardia. Também deviam ser proibidas aquelas perguntas tão cretinas de alguns chamados jornalistas, à porta dos acontecimentos, e quando nem se esperam respostas (talvez seja a consequência natural de as empresas quererem pagar salários muito baixos a principiantes sem grande formação, e ao mesmo tempo pretenderem fazer compridíssimos telejornais).

Se os partidos querem fazer declarações, sem direito a perguntas, chamem-lhe isso: ‘declarações sem direito a perguntas’. Nunca conferências de imprensa, onde as perguntas e o questionamento são essenciais (naturalmente, perguntas que não sejam respostas, ou

Deus nos livre dos 'assaltos' de rua de jornalistas, foto do DN

Deus nos livre dos ‘assaltos’ de rua de jornalistas, foto do DN

maiores do que as respostas, outra tipicidade de gente da classe que adora ouvir-se e sermoniar).

Por acaso, suponho que num texto do Henrique Monteiro (Expresso), vi também que o Congresso tinha rejeitado a hipótese de declaração de interesses voluntária (apenas ‘voluntária’), ou o período de nojo exigido a outras profissões. De facto, não entendo estas posições, que se opõem ao que os jornalistas devem exigir (mas só o podem fazer se eles próprios não se furtarem a isso) a outros. Enfim, como está na moda fazê-lo, peço desculpas em nome dos decisores, e espero que não correspondam à maioria da classe. Classe que, a avaliar pela votação nestes 2 aspectos, não se revelou demasiado íntegra.

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