
Caixa de comentários, imagem de Universo das Dicas
Li por aí, talvez no DN online, que os jornais Expresso, Observador e DN tinham fechado as caixas de comentários por causa de trabalhos que publicaram sobre Mário Soares. Suponho que quem escreveu isto achava qua tais jornais, de resto de orientações políticas bem distintas, não estavam a ser muito democráticos.
Pois eu penso que os jornalistas ainda estão treinados para se conterem nas suas opiniões, e não deixarem elas resvalarem para insultos. Mas as caixas de comentários, talvez escritas por quem se indigna com o seu fecho (porque não vão escrever para outro sítio, já que a Net lhes abre caminhos imensos?), não têm no geral essa contenção mínima, e não são nada democráticas. De maneira que compreendo o seu fecho por parte de jornais politicamente tão distintos como os 3 citados.

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De resto, talvez com Mário Soares habituei-me a perceber que, para as elites político-partidárias, os resultados eleitorais levam a posições que pretendem fazer a sua síntese (tendo em conta a obtenção de maiorias parlamentares), e não a utilização de posições puras ou extremadas. Já o eleitor mais simples, como eu também terei sido em tempos, prefere ver o seu voto não contaminado com outras atitudes e votos em sentidos distintos. Imaginem-se estes últimos em caixas de comentários, a falarem por exemplo de um Mário Soares que nunca conheceram, e que não percebem o que lhe

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devem agradecer para poderem dizer as suas baboseiras nas tais caixas de comentários. E lembro-me agora de alguém que perguntou a Mário Soares se ele lia o que dele diziam na Internet. Ao que o visado respondeu: «Mas você acha que alguma vez vou ler o que dizem de mim na Internet?!». Se ele quando podia não lia, o que querem agora dizer, quando o homem está morto, e segundo o imperador Caracala, na sua qualidade de morto, «merece todas as homenagens», que no caso concreto mereceria de qualquer modo.
Lembram-se de Giscard D’Estraing ser Presidente de França. Pois quando o foi, fez depois alarde de nunca ter lido uma linha de jornal (ainda não havia a Internet), para não se deixar influenciar. Quem não gostou foram os comentadores que pensavam influenciá-lo.