Vinagrete 17.01.05 – O desastre ainda maior do BES-Novo Banco

Imagem de ionestaragcredit.com

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Ontem, perto da meia-noite, o Banco de Portugal revelou que decidiu encetar negociações com a Lone Star para vender o Novo Banco, depois de considerar que o fundo norte-americano é a ” entidade mais bem colocada para finalizar” este processo. Contudo, as restantes ofertas não estão excluídas, e a proposta da Lone Star poderá ter impacto nas contas públicas e a palavra final cabe ao Conselho de Ministros. Em dia de Conselho de Ministros, esperam-se mais novidades sobre este processo que tem impacto em toda a banca novo-bancoportuguesa.

Pensam que fiquei descansado? Pois não fiquei. Como bem diz hoje André Macedo no DN, um fundo de investimentos especulativo nunca é a melhor opção para pegar num Banco: como esclarece Macedo na sua linguagem impressiva, espera-se que se limite a ‘esfolar o gato’.

Muito bem: Macedo, Marques Mendes, Louçã, Ricardo Cabral – enfim, toda a gente – já especificou que o Banco Novo, ou a solução do BES, já não pode ser

Fotografia de zap.aeiou.pt

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boa, tão má foi a sua evolução. E ninguém se atreve ainda a dizer mal com todas as letras por quem foi seu responsável, desde o Banco de Portugal aos gestores que por lá passaram a derreter os 4,9 mil milhões de euros frescos adiantados pelo Estado do dinheiro dos contribuintes.

No entanto, há responsáveis: a anterior administração liderada por Ricardo Salgado (sobre a qual nada se diz na Justiça), o Banco de Portugal, os gestores que por lá passaram, o anterior Governo que provocou o descalabro e o deixou, outros governos que deram gás a Salgado, enfim – todo um mundo.

Fotografia da SIC Notícias

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Agora temos pessoas de posições tão distintas como Francisco Louçã e Ricardo Cabral a defenderem a nacionalização do Banco. Parece que Marcelo e Costa estão contra. Mas até Centeno já a admitiu. Pelo menos admiti-la parece ser melhor do que enveredar por uma solução imediatista, através de um fundo de investimento especulativo pronto a ‘esfolar o gato’, só para as contas nacionais ficarem um nadinha melhores – e a população muito mais pobre. Percebo um franzir de sobrolho de André Macedo: com a nacionalização, e lembrando a CGD, o Estado (que já demonstrou ser mau banqueiro na época gonçalvista), fica a controlar 41% do crédito concedido às empresas. Mas, com transparência e exigências éticas, já se demonstrou que o Estado não é pior gestor do que os privados (vejam-se os resultados de um inquérito sobre os hospitais de gestão pública e privada). E seguramente será muito melhor do que estrangeiros de obediência estatal como angolanos, chineses ou espanhóis.

Ao menos, ponha-se a Justiça a trabalhar por uma vez, e venham acusações claras do Ministério Público (não apenas filtrações insidiosas para a Imprensa) e sentenças dos tribunais.

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