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Sempre pouco democrata, e apesar do risco (ainda que pequeno) de poder não ser confirmado na reunião dos grandes eleitores americanos no dia 19 (seria a primeira vez, mas a reunião existe precisamente para isso, para analisar e declarar o eleito), o Sr. Trump, desata a criar factos consumados com as suas inúmeras nomeações.

Por exemplo, para a Agência da Protecção Ambiental, Trump, com o seu horror a bons ambientes, nomeou aquilo que se chama um ‘negacionista’: Scott Pruit, 48 anos, republicano e procurador-geral do Oklahoma. A nossa ideia dos procuradores gerais americanos, só pelos

Ambiente, fotografia do YouTube

livros e filmes, já não é grande coisa. Mas um ‘negacionista’ para ‘proteger o ambiente’? Parece quase a nomeação nacional de um dispendioso Sérgio Moreira, para vender o Novo Banco – que afinal, ao que dizem, vai ser entregue de qualquer maneira e por um preço ridículo.

Trump até pode não acreditar na necessidade da defesa do ambiente. Até pode querer piorar imenso o ambiente, o que deixará certamente feliz o eleitorado que o elegeu e o merece (embora tenhamos todos que apanhar com as consequências). Mas não seria mais lógico e mais barato prescindir simplesmente da protecção do ambiente, em vez de pôr lá um ‘negacionista’ que seguramente vai sair caríssimo aos contribuintes? Bom, bom, já sei que os contribuintes tiveram uma maioria qualificada (no Colégio Eleitoral, que parece não corresponder à maioria dos votos) a apontar para estes disparates. Portanto, suportemo-los com bravura (ainda que céptica). Porque a democracia tem esta vantagem: mesmo quando os eleitorados disparatam, têm a oportunidade de emendar o disparate mais tarde – ou mantê-lo. Veremos.