O demissionário Renzi, fotografia do Diário Económico

As eleições de domingo passado não foram tão más como os europeístas e centristas as pintam. Aliás, os partidos do sistema, têm sido bem desajeitados, ao limitarem-se a assustar eleitorados que querem mostrar não estarem assustados com as piores perspectivas. E afundam-se nelas alegremente.

Na Áustria, afinal, contra as perspectivas mais sombrias, a extrema-direita não venceu, e até ficaram com um Presidente de esquerda. Não me admiraria que vencesse a extrema-direita. Afinal, os austríacos já se deixaram seduzir pelo nazismo, e têm namorado a extrema direita de

O Presidente Mattarella em foco, Wikipedia

muito perto.

A Itália, que já teve fascismo, e já votou alegremente em populistas como Berlusconi e Pepe Grillo, que se deixa levar tão soltamente por gente da Força Itália, da Liga Norte e do Movimento 5 Estrelas, tem afinal o que merece.

Como dizia o grande dramaturgo irlandês Bernard Shaw (1856-1950),

a democracia «só dá aos povos os governos que eles merecem». E Churchill também sublinhava ser a democracia ‘o pior dos sistemas políticos’, mas só ‘a seguir a todos os outros’.

O problema é que eles votam, e hoje em dia todos apanhamos com as consequências (dentro dos países deles, os que votaram de outra forma, e fora dos países deles povos inteiros). E nem me preocupam demasiado os mercados, que a tantos afligem, mas cuja volubilidade extrema é difícil satisfazer plenamente.

G.B.Shaw

O problema é eu não ter nada a ver com estas ‘trumpices’, e levar com elas em cima. Tanto, que os democratas cristãos voltam a ser de esquerda, e Merkel passou de diabo a Santa para os moderados do sistema. Para dizer mal, basta certos eleitos democraticamente, como Duterte, Trump e quejandos.

Entretanto, de Itália percebi isto: Renzi, apesar de tudo, ainda tem um enorme apoio eleitoral. Maior que Berlusconis, Grillos e quejandos. Afinal, se todos transformaram o referendo numa votação a ele, o resultado não se pode considerar nada mau para o visado.