
Fotografia do Público
Nunca fui um entusiasta da ocupação quase total do espaço expositivo do CCB por Berardo. Penso que ele devia levar a sua colecção privada (e como é que ainda é sua, se dizem que ele deve tanto aos contribuintes portugueses?) para um espaço não público. E julgo que o presidente do CCB no momento em que foi feito o acordo com Berardo, Mega Ferreira (por quem nutro grande consideração, mais do que pelo actual) também o pensava. Ou pelo menos deixou isso bem explícito na altura. Diga lá agora o que disser Elísio Summavielle.
Mas asseguram-nos ter havido um acordo entre Berardo e o Governo das esquerdas, que permite ao especulador madeirense continuar a ocupar por mais uns longos anos o CCB. Gostava de perceber

Fotografia do Museu Berardo
uma coisa: ele deve mesmo tanto dinheiro aos Bancos, incluindo a pública CGD, como dizem? E está tão incapaz de satisfazer as dívidas como dizem? Deixou mesmo de as pagar? É porque se isto é verdade, penso que a sua colecção de quadros devia ser rapidamente nacionalizada, ou executado pelos credores (não esquecer os contribuintes, que andam a entrar com fortunas para a Banca, por causa dos maus pagadores) para satisfazer essas dívidas do especulador. Porque se a colecção de arte fosse pública, compreendia-se que estivesse alojada num espaço público. Mas sendo privada, e de um especulador mau pagador (como se supõe que sejam a maioria), que motivos haverá para se lhe dar de bandeja essa forma de fazer negócio, com um espaço público assim cruelmente retirado aos cidadãos?

Fotografia de idealista.pt
Já se viu que o Governo pretende manter secreta (por vergonha, supõe-se) parte do acordo com Berardo sobre o CCB. Mas ficamos a saber que continua a despejar para lá uma imensidade de dinheiro dos contribuintes, não só com a obrigação de dar um contributo específico e estratosférico anual, mas também com o pagamento que já vinha fazendo de despesas correntes (como água, luz e conservação), que vão muito para além de 1 milhão de euros anual. Também ficamos a saber agora, fora da parte secreta, que Berardo vai ocupar ainda mais espaço no CCB. O homem tornou-se um parasita da sociedade, limitando-se a aproveitar para isso a facilidade com que os nossos Governos dispõem do dinheiro dos contribuintes, para o entregar nas mãos de algumas pessoas (Berardos e banqueiros).