
Fotografia da Veja brasileira
Agora com a eleição de Trump, podemos lembrar-nos também de outras eleições polémicas (Hitler, nos anos 30, Duterte há pouco tempo nas Filipinas), e dessacralizar o sistema.
Como dizia Churchill, que viu e viveu no tempo da vitória eleitoral e ‘democrática’ de Hitler, a democracia é só ‘o pior dos sistemas políticos’, mas só ‘a seguir a todos os outros’. Sempre nos permite correr com os que lá estão, e substituí-los, se eles não se anteciparem a impedi-lo como fez Hitler.
Curiosamente, um destes dias, num almoço com amigos muito conservadores, e a propósito da eleição de Trump, um deles atribuiu ao

G.B. Shaw
célebre dramaturgo irlandês George Bernard Shaw (1856-1950) a ideia de que a democracia «só dá aos povos os governos que eles merecem». Concluir-se-ia assim que a Alemanha, nos anos 30, ‘mereceu’ Hitler, e que os EUA ‘merecem’ agora o ignorante e radical Trump (o problema é que todo o mundo apanhou com ambos, e nem todos certamente os mereciam). De resto, já se diz bem de Reagan (que desregularizando a actividade financeira abriu a oportunidade às crises provocadas pelas sucessivas ganâncias da Finança) e de Bush filho (que pôs o Médio Oriente nas mãos dos radicais islâmicos, e proporcionou um impressionante aumento do terrorismo em todo o mundo).
Na verdade, fazendo uma investigação, reparei que Bernard Shaw teria dito mais exactamente o seguinte: «A democracia é um sistema que faz com que nunca tenhamos um governo melhor do que merecemos». Mas tenho de reconhecer que no fundo, substancialmente, o significado é igual, e verdadeiríssimo – apesar de haver quem não o merece a levar com gente horrível.

W. Churchill
Bernard Shaw dessacralizou definitivamente a democracia, ao escrever também: «A democracia é apenas a substituição de alguns corruptos por muitos incompetentes», ou «A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente».
Claro que isto não devem ser razões para preferirmos as ditaduras, mas apenas para explicar vitórias como as de Duterte, Putin, Trump,, Orbán, e outras que se adivinham por essa Europa fora. De resto, pergunto-me muitas vezes se é preferível um malandro bem preparado, tipo Putin (vindo do KGB), ou um alarve impreparado (tipo Trump e Duterte). Pois não sei que diga. Só quero continuar a falar à minha vontade, e deixar os outros falarem, mesmo que digam o que me parecem gritantes asneiras (como a tal psicóloga que comparou homossexuais a toxicodependentes). Parece que começa a ser cada vez mais pedir muito. Horror!