
J.L.A., foto da Agência Ecclesia
No mesmo dia, em Portugal, 2 mortes destacadas e desagradáveis. Jaime Fernandes, homem da Rádio, e João Lobo Antunes, académico, médico neurocirurgião, escritor, político, ético, homem de dúvidas e de valores. Estou a lembrá-lo hoje, véspera do Dia Todos os Santos, e na antevéspera dos fiéis defuntos – na convicção de que qualquer das duas datas (da minha Igreja Católica) se adapta perfeitamente a eles.

J.F., foto da TVI24
Mas as dúvidas e os valores tornaram este Lobo Antunes mais humano e destacado. O Expresso tem 2 máximas na sua revista, em secções fixas, que me parecem muito adequadas para todos: ‘quem não tem dúvidas é porque anda muito mal informado’; e ‘quem não tem vícios também não tem grandes virtudes’. Porque ambos fazem muita falta ao Pais, também por essas razões.

A.L.A., foto do Citador
E isto posso dizê-lo eu, que nunca percebi o êxito dos livros de António Lobo Antunes, irmão de João (cujo maior mérito me parece ser ter escrito as Cartas da Guerra que fizeram o recente filme de Ivo Ferreira).
Dos romances, lembro-me dos seus defensores dizerem, cada vez que saia um novo, ser esse finalmente o bom. Parece que só nessa altura acreditavam não ser bom o anterior. E assim tem sido a sua vida, sempre a escrever muito, e já mítico – embora não me pareça nada merecer um Nobel da Literatiura, como o mereceu, por exemplo, Bob Dylan.