Vinagrete 16.10.06 – Merkel nada pode fora da Europa

Fotografia do Expresso

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Afinal a ONU respeita aquele mínimo de transparência que mantém, com votos e vetos especiais e contrários às noções actuais de democracia, e António Guterres lá ganhou a ‘eleição’ para o cargo de secretário-geral da organização, que deverá começar a exercer no próximo 1 de Janeiro. E fê-lo contra forças tão poderosas como a Alemanha (afinal, realmente, só tem peso na Europa, de resto é um gigantinho com pés de barro), a Comissão Europeia (o seu presidente, desde que se soube das suas manobras fiscais, nunca mais voltou a ter credibilidade, não estando longe da imagem de Durão Barroso, e agindo como a barata tonta que é, sem sequer querer ter poder, ora obedece à Alemanha com a candidatura de um elemento da sua equipa, ora dá parabéns comovidos a Guterres) e mesmo o actual secretário-geral da ONU (que não se coibiu de alardear preferências que fazia melhor calando-as).

Na votação de ontem, em que pela primeira vez se soube o sentido de voto dos cinco membros permanentes do Conselho de

Fotografia de empregospelomundo.com

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Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), o português António Guterres (n.1949) recebeu luz verde para o cargo de secretário-geral da ONU. Com a vantagem de se ter imposto às ideias do politicamente correcto (mulher e do Leste) com que contava a búlgara Kristalina Georgieva, para abafar diferenças de competência.

Os embaixadores americano(a) e russo anunciaram ainda ontem um acordo para que fosse Guterres, abrindo-lhe as portas pa al ONU respeita transparência`a aclamação.

Ontem, os embaixadores dos 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU apareceram juntos na votação e o antigo primeiro-ministro português não foi vetado por nenhum dos cinco

Merkel com presidente do Conselho Europeu, fotografia de zimbio.com

Merkel com presidente do Conselho Europeu, fotografia de zimbio.com

membros permanentes do Conselho. Recebeu 13 votos a favor, duas abstenções e nenhum veto. De entre os decisivos membros permanentes (China, Rússia, França, Reino Unido e Estados Unidos) houve quatro votos de encorajamento e um sem opinião.

A búlgara Kristalina Georgieva, apoiada pela Alemanha, obteve oito votos negativos, e ficou até atrás da sua compatriota Irina Bokova – a qual, contrariando talvez os desejos do seu próprio Executivo, não retirou a candidatura, e conseguiu um honroso 4º lugar (Kristalina foi atirada para uma embaraçosa e má 8ª posição em 10 candidatos), e o primeiro das mulheres.

António Guterres já tinha vencido as cinco primeiras votações para o cargo, em 21 de Julho, 5 e 29 de Agosto, 9 e 26 de Setembro.

Curiosamente, esta vitória de um europeu equivaleu à derrota dos poderes fácticos da Europa (Merkel, Juncquer e Kristalina). Mas foi saudade não só por toda a imprensa europeia, comunitária e não comunitária (caso da britânica do Brexit, em q ue se uniram meios de comunicação tão diversos como o conservador Financial Times, o progressista Guardian ou a supostamente neutral BBC). Mesmo de fora da Europa, sobressaem muitos dos jornais mais destacados.

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