
Fotografia do Expresso
Afinal a ONU respeita aquele mínimo de transparência que mantém, com votos e vetos especiais e contrários às noções actuais de democracia, e António Guterres lá ganhou a ‘eleição’ para o cargo de secretário-geral da organização, que deverá começar a exercer no próximo 1 de Janeiro. E fê-lo contra forças tão poderosas como a Alemanha (afinal, realmente, só tem peso na Europa, de resto é um gigantinho com pés de barro), a Comissão Europeia (o seu presidente, desde que se soube das suas manobras fiscais, nunca mais voltou a ter credibilidade, não estando longe da imagem de Durão Barroso, e agindo como a barata tonta que é, sem sequer querer ter poder, ora obedece à Alemanha com a candidatura de um elemento da sua equipa, ora dá parabéns comovidos a Guterres) e mesmo o actual secretário-geral da ONU (que não se coibiu de alardear preferências que fazia melhor calando-as).
Na votação de ontem, em que pela primeira vez se soube o sentido de voto dos cinco membros permanentes do Conselho de

Fotografia de empregospelomundo.com
Segurança da ONU (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), o português António Guterres (n.1949) recebeu luz verde para o cargo de secretário-geral da ONU. Com a vantagem de se ter imposto às ideias do politicamente correcto (mulher e do Leste) com que contava a búlgara Kristalina Georgieva, para abafar diferenças de competência.
Os embaixadores americano(a) e russo anunciaram ainda ontem um acordo para que fosse Guterres, abrindo-lhe as portas pa al ONU respeita transparência`a aclamação.
Ontem, os embaixadores dos 15 países-membros do Conselho de Segurança da ONU apareceram juntos na votação e o antigo primeiro-ministro português não foi vetado por nenhum dos cinco

Merkel com presidente do Conselho Europeu, fotografia de zimbio.com
membros permanentes do Conselho. Recebeu 13 votos a favor, duas abstenções e nenhum veto. De entre os decisivos membros permanentes (China, Rússia, França, Reino Unido e Estados Unidos) houve quatro votos de encorajamento e um sem opinião.
A búlgara Kristalina Georgieva, apoiada pela Alemanha, obteve oito votos negativos, e ficou até atrás da sua compatriota Irina Bokova – a qual, contrariando talvez os desejos do seu próprio Executivo, não retirou a candidatura, e conseguiu um honroso 4º lugar (Kristalina foi atirada para uma embaraçosa e má 8ª posição em 10 candidatos), e o primeiro das mulheres.
António Guterres já tinha vencido as cinco primeiras votações para o cargo, em 21 de Julho, 5 e 29 de Agosto, 9 e 26 de Setembro.
Curiosamente, esta vitória de um europeu equivaleu à derrota dos poderes fácticos da Europa (Merkel, Juncquer e Kristalina). Mas foi saudade não só por toda a imprensa europeia, comunitária e não comunitária (caso da britânica do Brexit, em q ue se uniram meios de comunicação tão diversos como o conservador Financial Times, o progressista Guardian ou a supostamente neutral BBC). Mesmo de fora da Europa, sobressaem muitos dos jornais mais destacados.