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Fiquei satisfeito com as ideias essenciais da Conferência Sobre Mobilidade Sustentável em Lisboa. Já me sentia um velho caquético, que estudara economia antes do 25 de Abril, quando ainda era normal atribuírem-se os serviços públicos, que não deviam ter fins puramente lucrativos, ao Estado.

Mas afinal, toda a Conferência apontou nesse sentido. O próprio presidente actual da Carris, Tiago Farias, atribuiu a razão da desgraça dos transportes em Lisboa ao objectivo principal de lucro financeiro que têm os privados. E o presidente da Câmara, bem como o seu vereasdor de transportes, fartaram-se de alardear projectos a prazo para o transporte na cidade, sob o ponto de vista de serviço público, e mais

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independente dos objectivos do puro lucro que têm os privados.

Ainda me lembro, no antigo regime, de ser dado como exemplo negativo, um velho presidente da Câmara de Lisboa, que fizera questão de fechar as contas com lucro durante todos os anos em que estivera à frente da autarquia. Para desespero dos lisboetas, evidentemente – que nessa altura nem sequer podiam votar em liberdade.

Bem sei, e li, que há quem considere serem os privados os que

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melhor serviço prestam. Mas os transportes públicos devem servir mais do que dar lucro. Mesmo em linhas que dão prejuízo mas são necessárias. De resto, as empresas privadas até agradecerão que os seus trabalhadores tenham transportes decentes. E se pagamos impostos é mais para isso, para os transportes públicos, para a saúde, para as escolas – do que para as mordomias dos políticos (com a treta exclusivamente nacional e pouco democrática, de que a democracia tem custos especiais associados com os seus políticos). Ainda por cima só acharei que os nossos políticos ganham mal, quando um ministro ganhar menos do que os escalões mais altos da Função Pública (como sucede nos outros países democráticos). Enquanto isso não acontecer, os políticos portugueses estão mais bem pagos do que muitas outras categorias profissionais que devem ganhar mais do que eles, como no resto do mundo democrático.