
Fotografia da Wikipedia
Diz a lenda, confirmada por biógrafos tão detalhistas como Franco Nogueira, que Salazar não queria pôr o seu nome na Ponte que agora se chama 25 de Abril, por entender que os monumentos públicos deviam só ter nomes de pessoas mortas e consensuais. A ser isto verdade, e acredito piamente que sim, acertou em cheio.
A verdade é que, tanto quanto me lembro, mesmo antes do 25 de Abril, ninguém já lhe chamava Ponte Salazar, mas sim Ponte sobre o Tejo – sem se importarem da confusão que se podia fazer com a Ponte de Vila Franca de Xira. Talvez por ser possível fazer maior confusão com a vizinha Ponte Vasco da Gama, há hoje mais gente a chamá-la pelo nome, Ponte 25 de Abril. E, entre os saudosistas do antigo regime (extraordinariamente,

Inauguração da ponte, 1966, fotografia do DN
parece haver gente dessa, talvez sobretudo entre os que não viveram esse tempo), também aparece agora mais gente (embora muito menos, neste caso) a chamar-lhe Ponte Salazar.
Na verdade, foi inaugurada há 50 anos, a 6 de Agosto de 1966 – e ficou talvez como a obra mais grandiosa deixadas pelo antigo Regime. Parece que Salazar, nas suas poupanças orçamentais, que o levavam a cortar os projectos de Obras Públicas com régua e esquadro, convencido de que os centímetros do projecto se equivaliam ao dinheiro gasto, impôs o trajecto da Ponte – por ser o mais curto e, segundo ele achava, o mais barato. A realidade foi diferente, e fez disparar os custos: É que os pilares

Ponte da Baíaa de Oaklamnd, San Francisco, EUA, Fotografia de pt.freeimages.com
centrais não só estão numa das zonas de águas mais profundas do rio, como o fundo do rio ali tem umas areias demasiado movediças.
Mas enfim, lá temos a ponte, em todo o seu esplendor e beleza, naquele encarnado um tanto murcho, construída pela empresa norte-americana United States Steel Export Company – sempre tão comparada com as duas pontes de São Francisco, EUA: a da Baía de Oakland, feita pela mesma empresa (e em que terá sido realmente inspirada, herdando até a disposição dos ferros dos pilares, em “X”) e a parecidíssima Golden Gate, que tanto aparece aí nos filmes. Com o nome do Regime que se sucedeu.