Os Beatles já são de outro tempo
Embora tenha assistido com distância à década de 60 (as minhas são mais as de 70 ou a de 80), não resisto à música dos Beatles. E ao fenómeno todo deles. Por isso corri já a ver o filme, seguido de um concerto em Nova Iorque (quando ainda não se davam concertos em Estádios, deu-se este, em 1965).
Os rapazes são definitivamente de outro tempo. Primeiro foram buscar um agente, Brian Epstein, satisfeitos por ser de uma classe social superior, que lhes ensinou coisas, como a vestirem-se melhor. Se fosse hoje, tinham muito orgulho no seu gosto sem referências. Ou entregavam-se a um qualquer designer de moda também sem, referências.
Depois, quando eram entrevistados nos EUA, um deles (seria Paul McCartney?), perguntado sobre a contribuição deles para

Brian Epstein, 1965, fotografia da Wikipedia
uma nova Cultura, riu-se imenso, e respondeu com outra pergunta: «Chama Cultura ao que fazemos? Está a brincar?». Perante a insistência do entrevistador para definir o que faziam então, rematou com esta tirada: «É como se fosse uma gargalhada».
Imagine-se como toda a gente célebre de hoje se leva mais a sério. Imagine-se Ronaldo, orgulhoso do seu penteado, mais feliz por o ver replicado, do que esforçado em aprender qualquer coisa baseada em referências mais cultas. E imaginem-se todos os que não têm referências culturais, fascinados com qualquer movimento surgido na mais popular das classes, e nos mais popular dos incultos, a que chamam logo de cultura popular. E não esqueçamos como eles eram miúdos, quando apareceram.