Praias de Aveiro, terra dos congressos democráticos

Fotografia do guiadacidade.pt

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Quando se fala em Aveiro, vêm imediatamente à memória os 3 Congressos da Oposição democrática ali realizados no antigo REgime, e a arquitectura arte nova de uma parte importante da cidade do Século XIX e da viragem para o XX.

Os Congressos da Oposição Democrática só terão sido possíveis devido a um velho governador civil do distrito, Vale Guimarães, tanto no salazarismo como no marcelismo (cursou direito em Coimbra, onde terá convivido mais de perto com o que lá haveria ainda de salazarismo, e chegou a ser aluno de Caetano na faculdade de Lisboa, onde acabou o curso), e que teve sempre fama de pessoa moderada e tolerante.

Aveiro é atravessada de lés a lés por um canal da Ria. Chamam-lhe até a ‘Veneza Portuguesa’, pela cor que o Sol espelhado nas águas lhe dá. E há quem queira ver nos moliceiros, os barcos típicos da ria de Aveiro, chatos (opara andarem em águas baixas) e muito decorados, dedicados sobretudo à apanha do moliço, que têm a vela (a par da vara e da sirga), uma espécie de gôndolas venezianas, mais sóbrias e dadas aos amores turísticos de passagem.

De qualquer modo, trata-se de uma terra toda voltada para o mar e para a pesca (não se fizeram apenas aqui as Praias de Aveiro, Aveiroprimeiras secas de bacalhau, que os locais iam pescar à Terra Nova, mas o Mercado do Peixe é talvez a maior atracção da cidade), onde se destacam naturalmente as praias. Entalado entre a Murtosa, a Norte (quer pela Ria, quer por terra), e Oliveira do Bairro a Sul, segue ainda por Sudeste para as praias de Vagos e Ílhavo

(a Nordeste tem Albergaria-a-Velha, e a Leste Águeda).

Fica a cerca de 55 km a Noroeste de Coimbra e 70 km a Sul do Porto. É a terceira cidade da região Centro, a seguir a Coimbra e Viseu.

Em finais do século XVI, princípios do século XVII, o fecho do canal, impediu a utilização do porto e criou condições de insalubridade. Mas em 1759, D. José I elevou Aveiro a cidade, poucos meses depois de ter condenado por traição, ao

Costa Nova, Ílhavo

Costa Nova, Ílhavo

cadafalso, o seu último duque, título criado, em 1547, por D. João III. À nova cidade foi dado o nome de Nova Bragança em vez de Aveiro. Com a queda do poder do marquês de Pombal, voltou a anterior designação.

Há algumas ilhas fluviais na Ria de Aveiro e uma porção da península costeira (freguesia de São Jacinto) com quase 25 km de extensão que fecha a ria a ocidente. A paisagem é dominada pela Ria de Aveiro e pelos rios da bacia hidrográfica do Vouga.

O nome Aveiro deve-se à existência de numerosas aves palmípedes que povoavam esta área lagunar.

O litoral é arenoso, com um cordão dunar de largura variável a separar as águas calmas da ria de Aveiro, onde deslizam os moliceiros, das águas bravas do oceano atlântico. Porque o mar aqui, como em todo o Norte do País, é revoltoso e ventoso.

A Ria e a Reserva Natural das Dunas de São Jacinto são pontos de interesse que nenhum visitante deve deixar de conhecer.

Furadouro, Ovar

Furadouro, Ovar

Na gastronomia, para além dos míticos ovos moles, salienta-se a variedade de peixe próprio das águas agitadas do Atlântico. Para além do famoso Mercado do Peixe, há a Vista Alegre, sediada em Ílhavo (a terra da família Bagão Félix, que tem o ministro das Finanças centrista, mais à direita, e o seu irmão de esquerda, que vive no Porto.

A praia da cidade é São Jacinto, com o seu vasto areal. Mais adiante, na praia da Barra, está o farol mais antigo de Portugal (e desagua a Ria). E na da Costa Nova (Ílhavo) ainda se vêem as típicas casas de riscas coloridas (embora já sem os telhados de palha, que as faziam chamar-se então de palheiros), para além de ter uma zona a Sul de naturistas (ou seja, nudistas).

Depois, mais praias: a Gafanha da Encarnação, as de Vagos (Vagueira e Areão) (Vagos), da Murtosa (Monte Branco, com o seu caminho paralelo à praia e toldos de cores garridas, e a Torreira, com ciclovia paralela à praia)) de Ovar (Furadouro, com os

Torreira, Murtosa

Torreira, Murtosa

passadiços das dunas e as fainas da pesca no areal, Barrinha / Esmoriz, Cortegaça, sempre cheiasz de surfistas), e mais para o Norte Espinho, com casino e o golfe mais antigo da Península – feito naturalmente por ingleses do Porto).

E depois estamos numa zona história de gente como José Estêvão (Coelho de Magalhães), grande tribuno liberal e deputado, do Batalhão Académico de Coimbra (anti-miguelista), participante em várias revoluções liberais, licenciado em Direito em Coimbra, Primeira metade do Século XIX; José Luciano de Castro, fundador e chefe do Partido Progressista, dos políticos mais influentes do rotativismo no liberalismo monárquico; José ferreira Pinto Basto, fundador da Vista Alegre em 1826, industrial liberal; Arlindo Vicente, artista plástico e candidatpo à Presidência da República antes do 25 de Abril; o Nobel da Medicina Egas Moniz; ou o tal Vale Guimarães.

De notar que as salinas da zona estão a ser aproveitadas para um tipo de SPA à base de sal, que pessoalmente dispenso com gosto e vejo com desgosto.

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