
Fotografia de ruralea.com
Arrábida é uma palavra de origem árabe que significa «local de oração». Também há Arrábidas no Porto: uma ponte sobre o Douro, um centro comercial em Gaia. A Serra da Arrábida, na margem Norte do estuário do Sado, tem o ponto mais alto a 501 metros de altitude
Aqui viveram os poetas Frei Agostinho da Cruz e Sebastião da Gama, e fizeram assim da serra um motivo recorrente nas suas obras.
As praias protegidas pela Serra, de águas tranquilas e transparentes, são populares entre os habitantes de Setúbal e Lisboa. O Portinho da Arrábida tem uma baía com uma pequena ilha, a Anicha, que forma um porto natural abrigado pela Serra e é, junto com a Praia da Figueirinha, uma das mais populares da região. E a Praia do Creiro, uma das maiores praias e com maior extensão costeira.

Parque Natural sobre o mar, fotografia de guiadacidade.pt
Existem ainda Galapos, Galapinhos e a Praia do Coelho.
Junto à praia do Portinho da Arrábida existe uma antiga fábrica Romana de salgas de peixe.
Vejamos agora as praias uma a uma: O Portinho da Arrábida, considerada uma das mais belas praias portuguesas, tem areia branca e fina e as águas transparentes e luminosas (e geladas, diga-se de passagem) estabelecem um fantástico contraste com a austeridade imponente da serra da Arrábida; Galápos, envolta pela luxuriante vegetação mediterrânica da Arrábida, é uma estreita faixa de areia banhada por um mar calmo, azul e transparente; Galapinhos, praia tranquila, apresenta um mar sereno e de águas claras, favorecendo a observação de espécies marinhas, sendo ideal para o mergulho e para a caça submarina, também excelente para

Palácio Armand, fotografia de scimob.pt
apreciadores de praias de pequenos e calmos recantos, abrigados por entre as rochas; Figueirinha, extenso areal, o mar calmo e a beleza envolvente fazem com que seja uma das mais conhecidas praias da região e por isso muito concorrida na época estival, com a vantagem de, ma baixa-mar, emergir um longo banco de areia por onde se pode caminhar mar adentro;
os Coelhos são uma praia silenciosa e de difícil acesso, localizada numa pequena enseada no sopé da cordilheira da serra da Arrábida, de areia branca, águas calmas e transparentes, sem vigilância, com acesso por trilhos térreos com inclinação considerável, e difícil estacionamento automóvel; os Creiros, entre a praia dos Coelhos e o Portinho da Arrábida, destacam-se pela sua Pedra da Anicha, uma pequena ilhota frente ao conhecido “monte branco”, tem desde há alguns anos o acesso mais facilitado, com a construção de uma estrada e vários estacionamentos, mas ao longo do caminho até à praia, existe uma escadaria, que disponibiliza lateralmente alguns bancos acolhidos em pequenas reentrâncias; finalmente, a Praia de Albarquel, a mais próxima de Setúbal, com um

Fotografia de lusitanicus.blogspot.com
extenso areal e alguma facilidade em estacionar, apresenta boas condições para a prática de futebol e voleibol de praia.
O Parque Natural da Arrábida é uma reserva biogenética (ciência que estuda os carateres que os seres vivos transmitem aos seus descendentes) na Serra da Arrábida. Foi criado pelo Decreto-Lei n.º 622/76, de 28 de Julho, com uma área aproximada de 10 800 hectares Está integrado em redes internacionais de conservação. Todo o seu território é classificado como Sítio de Especial Interesse para a Conservação da Natureza – Biótopo CORINE. O Parque Marinho inclui uma área de Protecção Total com 4 km² (10% da área do Parque) onde não é permitida qualquer pesca. E por isso tem havido escândalos muito sonados quando alguns políticos atropelam ali regras para fazerem casas mais confortáveis. Lembram-se do caso da legalização da casa do ex-ministro do Ambiente do CDS Luís Nobre Guedes na Arrábida.
O falecido cinéfilo João Bénard da Costa tornou também ainda mais conhecida a Arrábida onde a família tinha casa e passou as férias desde a infância. Nos seus textos, transmitia uma paixão intensa por temas tão pouco variados como Rosselini, Mozart, Marlene, Marilyn, a Arrábida, Florença, Ticiano ou Proust.
Nascido num meio burguês católico, confortável e conservador, apostando desde cedo na oposição não comunista a Salazar, nunca esqueceu os bons momentos da Arrábida.

Bénard da Costa, fotografia do Público
João Pedro Bénard da Costa (1935-2009) cresceu entre a casa lisboeta da Avenida António Augusto de Aguiar (o Inverno) e a casa que o seu avô paterno mandara construir para um filho tuberculoso, a Vila Raul, na Arrábida (o Verão).
Numa das suas crónicas, ele conta: «Não me lembro de mim sem me lembrar dela e vice-versa». E a família ia para lá quando, até fins dos anos 40, nenhuma estrada dava acesso à serra, só atingível a pé, de burro ou mula, ou por mar.
Quando o avô fizera a casa, só havia mais 7 na Serra e 10 no Portinho, e durante a infância de Bénard pouco mudou. E não havia luz eléctrica (não a houve até aos anos 80), não havia água canalizada (até ao ano 2000). A Arrábida foi uma das maiores paixões da sua vida, com a casa em Alportuche.
A Câmara Municipal de Setúbal aprovou entretanto a abertura de um processo para classificação da Casa da Quinta da

Portinho da Arrábida, fotografia de visitsetubal.pt
Comenda, na serra da Arrábida, como imóvel de interesse municipal. O Palácio recebeu várias personalidades internacionais, como por exemplo Lee Radziwill, irmã de Jacqueline Kennedy, viúva do presidente norte-americano J.F. Kennedy, e o seu inseparável amigo, o escritor Truman Capote.
Mas a própria Jacqueline Kennedy também lá esteve depois de enviuvar, com os 2 filhos pequenos, Caroline e John, em 1963, a convite de Aemand. Foi uma mulher frágil e de luto que chegou então ao Palácio da Comenda.
Era habitual a família Armand ceder a casa, conhecida como Palácio da Comenda, a personalidades ilustres do círculo da melhor

Praia da Figueirinha, fotografia de visitsetubal.pt
aristocracia europeia e portuguesa. A quinta estava debruçada sobre uma das melhores costas mediterrânicas, comparada à época com a Sardenha ou a Côte d”Azur, mas com a vantagem de oferecer os mesmos esplendores estivais num ambiente muito mais pacato e tranquilo.
A Câmara de Setúbal quer recuperar o imóvel após um abandono de décadas. Em causa estão 242 hectares a dois quilómetros da cidade. O acesso é livre, tanto pela estrada como pela praia, onde existe um portão aberto junto ao areal, bastando subir a escadaria para encontrar portas e janelas totalmente escancaradas.
O Palácio da Comenda está à venda há muito tempo por 45 milhões de euros e pertence à família Xavier de Lima, que comprou

Gálapos, fotografia de visitsetubal.com.pt
o imóvel na década de 1980 à família Armand.
O processo de classificação descreve que a quinta foi projetada como casa de veraneio em 1903, por encomenda do conde Abel Henri Armand, ao arquitecto Raul Lino.
É impossível passar perto do Palácio da Comenda e não ser atraído pela sua beleza. No topo de um pequeno monte banhado pelo rio Sado, o edifício está ao abandono desde a morte do empresário António Xavier de Lima, em 2009.
O Convento de Nossa Senhora da Arrábida, construído no Século XV num local já de dimensão religiosa desde 1250, começou por ser

Galapinhos, fotografia de Lifecooler
franciscano.
No século XIX, com a extinção das ordens religiosas em Portugal, as instalações do Convento foram abandonadas pelos frades franciscanos (1834), sendo adquiridas pelos Duques de Palmela (1863). Cá os temos outra vez, a dominarem a zona, após o liberalismo. No final do século XX, foram adquiridas pela Fundação Oriente (1990).
O Forte de Santa Maria da Arrábida, construído no reinado de D. Pedro II e reconstruído ao final do século XVIII (1798), esteve em operação até ao reinado de D. Luís. A partir de 1932 foi adaptado às funções de pousada pelos pais do poeta Sebastião da Gama, que escreveu variados poemas sobre a Arrábida, funções que conservou até 1976. A partir de 1978 integra o Parque Natural da Arrábida como Museu Oceanográfico (1991).