Os magistrados especializados

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O Sindicato do Ministério Público vai recorrer aos tribunais para tentar travar a colocação de magistrados nos tribunais portugueses. Em causa, segundo o Sindicato, está o fim da especialização dos procuradores que, por falta de quadros, vão ter de trabalhar em várias áreas em simultâneo. E assim, com o processo judicial, a Justiça portuguesa, já muito lenta de si, deverá ficar praticamente parada – até sentença final sobre a matéria, que como sempre por cá não se espera rápida.
Acho graça a isto de os magistrados quererem ser especializados. Talvez acabem por ter uma formação escolar tão especializada, que sejam mesmo obrigados a seguir essa especialização. Eu sou jornalista, e do tempo dos jornalistas generalistas. Nunca compreendi muito bem os jornalistas especializados, que sempre me pareceram intelectualmente muito truncados, e defeituosos em demasia.
Bem sei que no meu tempo não havia também em Portugal

CSMP, Palácio Palmela
escolas de jornalismo, e que tudo era diferente. Serei eu, apesar de vistas um tanto mais largas e menos especializadas, um homem fora do meu tempo? Sim, já sei que o Renascimento passou, e os espíritos renascentistas (que sabem muito de muitas especialidades) de hoje devem-se normalmente a uma inteligência especial. Mas eu, mesmo seguindo o preceito filosófico de que as certezas e a mania das sabedorias são próprias de quem sabe pouco e anda mal informado, ainda sou pelas vantagens do generalismo. E não compreendo sindicatos que as combatam. No jornalismo, é evidente que os leitores ganham em ter a informação escrita por pessoas a par dos temas e dos assuntos, mas não demasiado especializados. E imagino que para quem recorre à Justiça será igual. Ou não? E até os próprios magistrados ficam com mais portas abertas se largarem os seus interesses, numa vantagem mútua, deles e das pessoas que servem.