Vinagrete 16.07.20

Republicanos semi-rendem-se a Trump

Convenção de Cleveland 1, foto de novamais.com

Fotografia da Veja brasileira

Fotografia da Veja brasileira

E os republicanos, na sua convenção de Cleveland, contrariados ou não, lá se semi-renderam a Donald Trump, entronizando-o como candidato do Partido à Casa Branca. E até apresentando um nº 2 seu muito crítico no passado, Mike Pence, o governador da Indiana.

Embora persistam alguns murmúrios, as figuras graúdas do Partido, mesmo suspirando talvez por uma derrota, surgiram a apoiá-lo. Claro que podemos sempre achar que a sua alarvidade é tanta, que perderá as eleições só com os seus esforços. Mas se por enquanto as sondagens são apaziguadoras, e o dão a perder (deixando apenas satisfeito o seu ego narcisista, ao ver-se tão tratado por toda a imprensa mundial), há que ter cuidado. Porque as mentiras dos políticos ainda estão a render perante eleitorados pouco preparados: por exemplo, numa entrevista dada conjuntamente por ele e Pence à CBS, em que Trump se esforçou por não deixar falar o seu número 2, a entrevistadora lembrou que Pence apoiou a invasão do Iraque hoje tão criticada por Trump. Pois Ferreira Fernandes lembra hoje no DN, como outros jornalistas por esse mundo fora, que na altura Trump também a apoiou. Mas a desenvoltura dele a mentir é imensa, e os actuais eleitorados ainda se mostram muito sensíveis a engolir mentiras, como se fossem verdades. Repare-se como Sarkozy, que certamente teria muito a criticar a Hollande, resolveu atirar-se a ele como se fosse o culpado pelo atentado de Nice, sem sequer lembrar que então também é culpado por o Euro 2016 de França ter decorrido sem ataques.

E se a asneira é grossa, como a sua engraçadinha mulher Melanie a plagiar uma engraçada e inteligente Michelle Obama (e

Trump e Pence, para 'civilizar' imagem do primeiro, fotografia da CNN

Trump e Pence, para ‘civilizar’ imagem do primeiro, fotografia da CNN

mais escura ainda por cima do que a burrita), limitam-se a deixar passar em branco e sem comentários, para ver se o assunto é rapidamente esquecido. E será.

Depois, o Trump racista, que nem é americano, nem tem cabelo decente, representa hoje o Partido que mais lutou contra o racismo na Guerra Civil. E até tem uns negros armados a apoiá-lo, sem sequer se pronunciar sobre a autêntica guerra entre polícias (que certamente têm uns selvagens entre si, apoiados por um sistema que lhes dá demasiado poder de brutalidade) e apoiantes radicais do black power.

O Expresso Diário até entrevistou um ex-chefe da CIA, que apoiou Bush filho (e isto já diz muito), mas acha que não há o perigo de Trump

Melanie Trump a plagiar Michelle Obama, fotografia da CNN

Melanie Trump a plagiar Michelle Obama, fotografia da CNN

chegar à Casa Branca. A mim parece-me que o homem é demasiado optimista. Provavelmente, também acreditou que seria boa a Guerra ao Iraque lançada tão inconscientemente por este Bush filho, e que hoje todos estamos a pagar (e não apenas os patós que gostavam do tal Bush filho).

Ainda por cima, dantes, a direita europeia era inteligente nestas coisas. E, como Paulo Portas disse antes de abandonar a política, escolhia como sua candidata alguma figura como Hillary Clinton. Mas hoje, com os populismos à tona e as atitudes radicalizadas, já se vê por aí, pela própria Europa, quem não tem vergonha de gostar de Trump (que afinal até é de origens europeias e alemãs). Veja-se só como 2 políticos populistas europeus foram apoiar Trump à Convenção de Claveland: o inglês Nigel Farage (sim, um dos que se pirou depois de ganhar o referendo do Brexit) e o holandês Geert Wilders.

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