Antes enterrasse a cabeça na areia

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Se a UE enterrasse a cabeça na areia, talvez não saísse da actual crise, mas também provavelmente não a avolumava. Assim, sempre voluntariosa, só desce degraus imensos por uma escada abaixo e sem fim á vista.
Para já, o efeito dominó, imparável: vários países, normalmente espevitados por movimentos populistas (de extrema direita ou esquerda, não me interessaria muito, mas parece virem sobretudo da direita), pôem-se em bicha para avançarem com referendos próprios que também os retirem da UE. Já expliquei como sou contra a democracia directa dos referendos, que permite todas as manipulações e sempre foi acarinhada por extremistas (da direita e da esquerda, lá está); prefiro uma democracia orgânica e indirecta, necessariamente parlamentar, que permita deliberar sobre os grandes temas políticos sem a sujeição clara às manipulações imediatas. Mas sou igualmente o primeiro a admitir que estas democracias orgânicas têm caminhado s passos largos para sistemas de corrupção e troca de favores entre os grandes partidos que as dominam – provocando naturais
insatisfações. Mas continuo a pensar como Churchill que será um mau regime, mas o menos mau dos conhecidos; e a preferir que se trabalhe na sua melhoria.
Outra que podia ir por melhores trilhos é Merkel, tida como a influência dominante da UE. Convidou para debater o assunto Hollande, Renzi e Tusk, deixando Juncker de fora. Não somos só Deus e eu a deixá-lo de fora. Ainda bem.
Finalmente, porquê a reunião dos 6 fundadores da UE, se a comunidade já vai perto da trintena de membros? Definitivamente, este Brexit não está a ser aproveitado como a chicotada psicológica de que a UE necessitava para mudar de vida. É pena. A única esperança é que a escada chegue ao fim, e não seja possível continuar a descê-la – mas antes voltar a subi-la escolhendo talvez caninhos não caminhados.