Vinagrete 16.06.24

A UE tem de renascer

Fotografia de capitaleresina.com.br

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Que não haja dúvidas: o resultado à tangente do referendo britânico sobre a UE, favorável ao chamado Brexit, foi tangencial e ostra uma Inglaterra dividida. Já sei que em democracia basta um voto para fazer a diferença, e como tal aqui temos mais de um voto a fazê-la. Pessoalmente não sou favorável a referendos nem outras formas de democracia directa, que sujeitam sempre os eleitorados a manipulações, preferindo a sistema indirecto ou parlamentar. Mas os tempos são o que são, e com eles temos de nos haver.

Quem diria que o agora demitido David Cameron, quando lançou a proposta de referendo em 2013, para cavalgar a insatisfação com a Europa no seu país, sobretudo na área conservadora, iria provar desta forma o seu próprio veneno. Como disse Nicolau Santos, a uma jogada política arriscadíssima de David Cameron, por motivos internos, respondeu a União Europeia de forma igualmente arriscadíssima, concedendo à Grã-Bretanha um conjunto de exceções que estão contra o espírito fundador do processo de construção europeia.

Ora por este estatuto de excepção, não sei se não terá sido mesmo melhor deixá-lo assim borda fora. Será talvez melhor para a UE renascer.

Para já, para além do normal comportamento de uns mercados sempre semi-cegos e em reacções destemperadas, veremos que as consequências do referendo, quaisquer que elas fossem, não são tão dramáticas como as ameaçadas pelas campanhas do referendo. Está na hora da negociaçãoo, e espera-se maior clarividência (estamos para ver vinda de onde), do que até aqui. Uma reacção política mais cerebral, e menos economicista de mercados.

Se os ingleses estão demasiado divididos quanto ao assunto (e a avaliar pelas sondagens só o criminoso assassínio de uma deputada trabalhista afecta à UE os poderia ter feito alterar ligeiramente de posição – de contra para a favor – sempre na mesma percentagem dividida para um lado e outro; pura troca de números tangenciais).

Finalmente, estudos sociológicos indicam que a grande ‘surpresa’ deste brexit (se assim se pode chamar) veio de zonas em que o tradicional voto operário e trabalhista já se tinha transferido para o UKIP. Aterradores sinais dos tempos.

A verdade é que, enquanto dentro de Inglaterra foi a Esquerda e o Centro que se mostraram a favor da UE, e a Direita contra, no resto do mundo tudo se passa às avessas – denotando que alguma coisa vai por aqui mal.

Ora tudo isto surge numa altura em que a actual liderança da UE anda de forma consensualmente reconhecida (e aqui surgem unidas a Direita e a Esquerda) pelas ruas da amargura. Mesmo que a Alemanha por vezes aceite ser vencida, como sucedeu frente ao BCE. Claro que desaparecendo figuras como Passos Coelho do caminho, as coisas poderão melhorar um pouco. Mas quanto?

A UE está ferida. E, no entanto, foi ela que deu à Europa o período mais longo de paz. Mas já aí estão as extremas direita e esquerda, de cabeças de fora, prontas a acabar com esta paz. Precisa-se de liderança forte, ao estilo de Delors, para ultrapassar isto. Mas será possível? Os resultados previsíveis das eleições espanholas não apontam para aí (com os líderes centristas do PSOE e do PP desacreditados, e os populistas a subirem). Apontam mais para o que se passa na generalidade dos eleitorados europeus (e isso não é nada de bom). Até Trump aparece a dar um arzinho da sua desgraça. E o efeito domin o﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽eu caminho.por ar, mas nsua desgraça.empos.

em que o tradicional voto opero em 3013, para cavalgar a insatisó dos referendos vai por aí fazer o seu caminho.

E até parece estar toda a gente disposta a esquecer as imoralidades fiscais de Juncker, que existem mesmo, para ver se tudo passa melhor. Só que com centristas destes não nos governamos. Como não nos governámos bem com nenhum presidente da Comissão Europeia desde Delors.

Conclusão: a UE precisa de renascer, mas não se vê como. Tanto mais que a Inglaterra, além de um contrapeso pesado à Alemanha, era o melhor aliado dos que pretendiam alterações na UE

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