Justiça fantástica

fotografia do Público
Não fazia tenções de falar neste caso, antes de acabar o julgamento. Mas está a demorar tanto (como sempre acontece nos julgamentos nacionais, sejam lá do que forem), que tenho de fazer um pequeno desabafo.
Já se sabe a escassa consideração que tenho pela Justiça em geral, e pela portuguesa em particular, agravada pela minha formação em Direito. Desta vez, a ofensa foi por ter visto ser lavada a julgamento a mãe de um universitário de uma tuna (onde arrastaram o seu estatuto de caloiro até à última), morto nas alarvidades estudantis a que os nazizecos que se consideram veteranos gostam de sujeitar aqueles cujo estatuto não deixam ultrapassar o de caloiro – também conhecidas por praxes (nome que me parece impróprio assim atribuído a tais alarvidades, embora de qualquer maneira lembre com saudade os meus tempos de universitário de Lisboa em que não se faziam as ditas ‘praxes’, boas ou más, no fundo são todas bastante más e serôdias nos tempos que correm).
Pois a um dos acusados de matar o miúdo, e que conseguiu safar-se de uma condenação judicial (o que já percebi ser fácil nos nossos tribunais), em vez de agradecer ter-se safo – ainda resolveu contra atacar, e levar cruelmente a pobre da mãe a tribunal. E lá está ela, a ser julgada. No fundo ele fez o que as pessoas com culpas no cartório costumam fazer agora, que é atirarem-se sobre outros ou sobre o sistema da Justiça (vejam-se, salvas as decidas distâncias, os exemplos de Vale e Azevedo ou do assassino nazi norueguês Anders Breivik, este a protestar pelas condições de detenção, que até são de um hotel de luxo – com suºite, computador, TV, etc.). Ainda se irá a tempo de condená-lo a ele, em vez de se martirizar a mãe? Seria a nossa Justiça sensível a tamanha justiça?