Vinagrete 16.06.08

As redes sociais não perdoam o que esqueceram

Fotografia de mdb.pt

Fotografia de mdb.pt

Ricardo Costa, até há pouco director do EXPRESSO e agora com funções de maior responsabilidade no grupo Impresa, e que continua com a sua crónica no semanário (e até no diário digital a ele ligado), escrevia há dias sobre a irracionalidade do ‘eterno retorno das redes sociais’. Como ele admitia, o jornalismo também, por motivos jornalísticos, desenterra às vezes casos antigos. Mas as redes sociais é mais por perceberem tarde que deixaram escapar alguma coisa ao conceito de ‘politicamente correcto’ de quem as polui com esse conceito.

Vem isto a propósito de umas declarações antigas do cantor José Cid, já com barbas, de 2010, numa entrevista a Nuno Markl, em que terá dito coisas desagradáveis sobre a dentadura dos transmontanos, pondo-os todos na mesma panela.

Pessoalmente, nunca fui grande admirador de José Cid, nem nunca esperei dele coisas inteligentes. Percebo que tem músicas que ficam no ouvido, e que são apreciadas sobretudo por quem gosta de as repetir (e esta repetição já não é indício de inteligência de quem o faz, nem de quem o provoca). Gosto mais dos que preferem coisas novas, e têm a curiosidade de as procurar. E não levei sequer a sério agora o pedido de desculpas dele aos transmontanos, e até me parece que fiquei a gostar um nadinha do Tony Carreira (que não precisa do meu gosto para nada, por isso também não me vou preocupar em gostar mais), só por ser atacado por ele (tão parecidos que são os 2 de resto, naquela espécie de música que fazem e cantam).

Mas a verdade é que o vídeo da tal entrevista (a outra, a antiga, não fala desta agora ao DM) se tornou agora viral nas redes, deixando Cid transparecer na sua maior autenticidade alarve, e Markl sem saber defender-se (chegando ao ponto de equacionar fechar a sua conta numa rede).

Não sei se o mal não será darmos atenção e importância a qualquer alarve que escreve nas redes. Ou se nos maça que haja mais gente, para além dos jornalistas, a escrever para todos. Ou se… Uma coisa é certa: indignarmo-nos agora por o José Cid, sempre alarve, sempre pouco capaz, sempre mediocrito, ter dito umas coisas do seu género em 2010… e fazê-lo agora, em pleno 2016… perece-me de facto muito definidor de quem o faz. Ou seja: José Cid igual a quem o denuncia. E Nuno Markl, metido nestas coisas, tem de aprender a defender os seus trabalhos (e não é cedo para o fazer).

A entrevista pelos vistos era interessante, e revelou o mais característico de José Cid. Mas não precisávamos dela para o conhecer razoavelmente no seu pior (terá melhor?).

Deixe um comentário