FMI às apalpadelas

Fotografia de africasaconntry.com
Tem-se dito por aí que a intervenção do FMI em Angola deve ter muitos aspectos positivos, porque deve acabar com a corrupção. Parece-me que andam enganados. Em Fevereiro do ano passado, o FMI desembarcava em Angola para a 4ª visita no espaço de um ano. Pode-se dizer que aí se procuraram sempre avaliações, e portanto a missão do Fundo foi menos intrusiva e mais suave.
Mas em 2009, há 7 anos portanto, houve uma verdadeira intervenção do FMI em Luanda. E o Fundo vai àquele País africano sempre por causa da desvalorização do petróleo, e constata reiteradamente os mesmos problemas: saque desenfreado dos cofres do Estado, incompetência dos governantes e controlo da economia por agentes privados. Concordaremos todos em que nunca mudou nada disto, com ou sem intervenções do FMI.
O FMI faz músculo entretanto com países mais cumpridores e europeus, como Portugal, e afirma agora esperar a degradação da situação orçamental portuguesa até ao final da década. Apesar de em 2016 a situação não ser ainda grave, a organização internacional prevê que Portugal possa piorar e ver-se em risco de não cumprir o Tratado Orçamental. Problema que, segundo o Financial Times, se alastra a toda a Europa.
Curiosamente, o FMI reconhece que no último ano toda a situação económica internacional piorou, apesar de na maioria dos sítios estarem em vigor as medidas que defende. Mas obstina-se em continuar a defendê-las, e em constatar o mal que fazem, sem parar de as defender.
O histórico do FMI, parece-me a mim, é mais ignorar os verdadeiros problemas económicos das populações (como se valesse a pena enriquecer um país empobrecendo-lhe a população, e nem isso tem conseguido), e criar condições para a instalação de ditaduras. De qualquer maneira, deu um arzinho da sua graça com Moçambique, recusando uma colaboração, depois de saber que as autoridades do país lhe tinham ocultado informação sobre um empréstimo que tinham recebido.