Vinagrete 16.04.17 Cartone Cidadanês de Bloque de Esquerde

O Bloco de Esquerda reparou muito oportunamente, para nos desasfixiar um pouco nestes tempos de crise, na reaccionarice do nome do Cartão de Cidadão. E propôs portanto que se chamasse antes Cartão de Cidadania, para se ater ao politicamente correto dos tempos que passam e dos ventos que sopram.

cartão de cidadão          No entanto, os meus filhos mostraram-me uma humorista das redes sociais a desfazer, e devo dizer que até com mais razão do que ela própria imaginava, o tal nome desatualizado, criticando também a distração precipitada do BE, e propondo antes Cartão Cidadanês, para não vir contaminado por nenhuma espécie de género.

            Vamos por partes. Cartão de Cidadão era obviamente impossível. Estamos mesmo a ver as duas palavras, ‘cartão’ e ‘cidadão’, na sua opulência masculina, machistas, cheias de testosterona testicular, serôdias, a brincarem com estes tempos politicamente corretos, em que só os gays têm direito a orgulho. Ainda se as palavras fossem gays. Mas bem sabemos que a maioria esmagadora dos cidadãos não o é, e tem de ser constantemente vergada por esta discriminação positiva e moderna.

Para não haver contaminações indesejáveis, eu também não iria pelo Cartão da Cidadania. É que é ainda mais reaccionário e serôdio. Já viram a palavra ‘cartão’, masculina, machista, com testículos, acasalada com ‘cidadania’, toda feminina, toda ovários, toda subjugada? Não é possível. Só uma imprudência de dirigentes mais jovens do BE o poderá explicar.

A minha proposta é muito mais correta, muito mais moderna, e completamente livre de géneros: cartone cidadanês.

Mesmo o Bloco de Esquerda precisa mudar de nome. Já não podemos suportar um Bloco, masculino, necessariamente machista, com testosterona testicular, acasalado com uma esquerda tradicional, feminina, a cometer provavelmente o pecado do orgulho hoje só aceitável nos gays. Talvez tenhamos mesmo de arranjar uma Polícia dos Costumes (e pedir à Arábia Saudita, com muita experiência neste tipo de Polícias, uma palavra avisada sobre a matéria) do politicamente correto. Podíamos até nomear líder desta Polícia o ministro da Defesa, Azeredo Lopes (solicitar parecer experiente à Arábia Saudita), que pode ser muito disparatado (como já demonstrou quando esteve à frente da Entidade da Comunicação Social), mas não descura o politicamente correto, que começou já a instilar aos militares (quer obrigando-os a ter homossexuais no Colégio Militar, fundamental apesar de a nossa Constituição reaccionária o não prever expressamente), e passando-lhes revista, a eles, de gravata, fardados, devidamente aperaltados como mandam as regras da instituição militar – enquanto o próprio Azeredo, para lhes fazer uma salutar pirraça, se personificou à sua frente sem gravata, sem farda, completamente desapraltado mesmo para um ministro qualquer em serviço que não fosse da Defesa.

E para batizar o Bloco de Esquerda de acordo com os ventos do tempo e o politicamente correto (consultar a sábia Arábia Saudita), talvez fosse de recorrer ao sotaque do nosso saudoso ex-Presidente Ramalho Eanes, que certamente nada tem a ver com isto. Passaria assim a chamar-se Bloque de Esquerde – completamente imune de géneros e qualquer espécie de testosterona, testicular ou de ovários. Claro que haveria de esperar pelo agrément da Polícia dos Costumes (não deixar de ouvir o Poder da Arábia Saudita) do politicamente correto.

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